Não aprendi dizer Adeus

Não cantarei essa música triste, que fala com lágrimas no olhar, não que não as tenha, mas são de dever cumprido, de amigos irmãos e da certeza do sentimento que construí com tantas pessoas diferentes, de temperamentos diversos e de histórias que se cruzaram ali: dentro da fiscalização.

Vou repetir frases usadas para dizer que não tem preço tudo o que vivi e aprendi. Hoje eu entendo que eu tinha que estar ali todo o tempo que eu estive.

No meu primeiro momento um choque, sair do Banco e cair num órgão público não foi fácil. Ali fui recebida por duas pessoas que se tornaram cúmplices por 7 anos e meio e serão para sempre. Lembro-me do conselho que ganhei: Você um dia vai e a Prefeitura fica, não se estresse. Faça o seu com tranquilidade.

Fiscalizei publicidade, ambulante, comércio, prestador de serviço...
Descobri minha cidade, que eu achava que conhecia. Entrei em favelas, em becos, andei em ruas que eu nunca havia passado.

Deixei frescuras de lado, aprendi a teoria do caos( quando você acha que está ruim, sempre pode piorar), fui em forró, fechei bingo, autuei centro de Ubanda, fiquei com medo no ferro velho, fui mordida por borrachudo, comi pastel na feira, trabalhei fiscalizando ISSQN em shows, fui escalada durante uma semana no Vôlei de Praia, enfeitei o setor com bandeirinha na festa junina, nunca fui assaltada na rua trabalhando, participei de muito churrasco, comi muito macarrão no almoço, trufa no horário de expediente e pizza no final de semana.

Chorei com a ida e vinda de várias aprendizes, vi amigos mudando, seguindo e indo atrás. Reencontrei pessoas, conquistei outras, ganhei algumas com as quais aprendi coisas inesquecíveis. Entendi que quando eu quis ir embora não era o momento que ainda tinha que provar coisas para mim mesma e que havia pessoas que apesar de estarem comigo eu não conhecia.

Segurei as lágrimas até o final, até eu ver que mesmo a mudança tendo sido no susto, na pressa, no anoitecer, no meu último dia de trabalho na Prefeitura, quem quase não aparecia estava lá, quem estava de férias também, quem não podia faltar de jeito nenhum principalmente, para me dar um forte abraço de boa sorte.

Eu não aprendi a dizer adeus, problema de criança.
Olhei para a Prefeitura e sabia que estava mudando de emprego, não de amigos.
Na loucura dessa semana, da nova cidade, do novo emprego, do ódio do Kassab que tem a mãezinha que corre atrás do fretado via praça da Sé, da expectativa, da mudança... lá estavam eles, no meu celular com mensagens de carinho, de saudades, de amigo...

E hoje sábado, o dia dos telefonemas de como estas? Enfim, estou bem amigos. Com bem menos tempo do que antes, com muito mais novidades do que eu consigo assimilar e administrar, mas com muita vontade de fazer dar certo.

Espero que eu me adapte logo.