Desapego

Só para variar estou de mudança. Nunca mudei tanto em tão pouco tempo.
Sair de uma casa e ir para um apartamento é um pouco radical.
Principalmente no quesito espaço.

Meu irmão olhava os brinquedos que chamava de "hominhos" e dizia: Cada um tem uma história! ou Eu colecionei cada bolinha de gude dessas...

Com muito apoio concordou em dar para os meninos da rua que ficaram elétricos e barulhentos, reunidos num grupo enorme jogando e brincando.

Folhas, provas, apostilas, trabalhos, xerox, revistas: papel, papel e papel. Meu pai disse: vou por pro lixeiro levar! Não deixamos, porque se o Guarujá é uma terra sem coleta seletiva na era da Ecologia não seria possível que ninguém tivesse uma melhor idéia pra eles.

Uma amiga disse: eu conheço uma pessoa que recicla posso dizer a ele que vocês estão doando?

Claro!
O moço era o retrato da alegria, agradeceu tanto. Disse que vivia daquilo, veio correndo para não darmos para mais ninguém.

Hoje eu olhava minha última boneca: A amiguinha. Minha mãe comprou e trouxe pra casa de ônibus, era meu xodó, mas só ocupava espaço e eu não usava mais. Eu disse adeus depois de uma longa despedida, levei na Igreja para uma senhora doar, ela me disse que a menina adorou e ficou muito feliz!!!!

Pôsteres e revistas do São Paulo, mil vezes campeão. Dei para um garotinho daqui da rua que tem uns 10 anos, a vó dele contou que ele passou o dia debruçado conhecendo o time de 92/93 que ele não viu ser campeão do Mundo.

A casa está mais leve, a limpeza foi feita.

É difícil, mas é preciso.
Desapeguem-se