Por Pedro Neschling
Hoje acordei triste. Uma tristeza profunda e seca, daquelas que tiram as cores do dia por mais belo que ele amanheça como amanheceu hoje no Rio de Janeiro. Uma vontade de ficar quieto e não me mexer, nenhuma vontade de falar ou sorrir.
Compromissos marcados, pendências importantes, nada pude fazer que não me atirar da cama e partir pra luta. E num esforço tremendo para não sucumbir, consegui encerrar o expediente de funções a cumprir, acompanhado o dia inteirinho por essa melancolia azeda no peito.
Agora há pouco, enquanto dirigia de volta pra casa, me peguei pensando que não está legal o mundo em que vivemos. Simples assim. Tenho 28 anos e me assusta pensar que não vivi tanto tempo assim para me sentir tão nostálgico e anacrônico quanto me sinto hoje. Tenho de verdade a impressão que quando era criança, e isso não faz nem duas décadas completas, vivíamos em outro mundo, muito mais leve e alegre. Onde ser feliz era mais viável. Havia mais romantismo no ar.
A cada dia que passa, a cada notícia que leio, a cada nova tragédia cotidiana que nos assalta, tenho a sensação de que estamos caminhando para o fim do romantismo e, por favor, não tenham uma leitura simplista do que defino como romance. Não estou me referindo a relacionamentos amorosos e afins. Mas sim a uma leveza, um savoir-faire, um jeito mais delicado de encarar a vida.
A humanidade endureceu muito nos últimos tempos. Numa reação em cadeia, do macro ao micro, nos tornamos mais isolados e reprimidos, olhamos menos para o outro, gerando uma sociedade cada vez mais dividida e desigual, desunida e assustada. Sinto falta de uma época onde coisas simples eram de fato mais simples, onde pequenas transgressões inofensivas do dia-a-dia não tinham consequências trágicas, de menos paranóia generalizada, de menos violência ao próximo e mais amor.
Estou cansado de ver gente morrendo à toa, de assistir um bando de seres cada vez menos humanos tendo atitudes inconcebíveis e as julgando normais, acreditando de verdade que no final poderão rir da cara de todo mundo. Estou cansado de ver gente assim rindo da cara de todo mundo no final. Estou farto de agressividade gratuita no dia-a-dia como se isso fosse tolerável e normal. Da falta de respeito ao direito e às escolhas de cada um. Estou de saco cheio dessa pretensa comédia que não tem a menor graça.
Precisamos agir. Mais do que nunca as atitudes de cada um em prol do coletivo se tornam fundamentais para mudar o curso esquisito que caminha a humanidade. Só nós mesmos, a cada segundo, em cada atitude, a cada escolha, podemos com serenidade preparar um futuro mais bonito do que os dias estranhos que temos vivido, com mais tolerância, carinho e respeito. Com mais romantismo. Porque do jeito que está não está legal. Hoje eu acordei triste. E vou dormir triste também. Mas não quero deixar de acreditar num amanhã melhor.
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Pedro Neschling
Querida amiga Rafaela
ResponderExcluirHoje estou passando para agradecer
a sua amizade.
Amizade que torna a vida preciosa.
Que enche de cores as minhas palavras.
Que me faz ainda mais feliz,
com o afeto distribuído
a cada visita,
a cada comentário
e a cada palavra escrita
no livro dos meus dias.
Sua amizade me faz melhor.
vou já visitar, que belo texto querida. bjs no coração, torcendo pra que amor nunca morra, mesmo em dias tão sem romantismo como os nossos.
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